Quanto vale a torcida do ASA?
Já não é mais novidade no futebol brasileiro os clubes realizarem grandes campanhas de inscrição de sócios torcedores, com o objetivo de antecipação de receitas e garantir a presença crescente de público em seus jogos.
Por outro lado, as redes de TV com transmissões abertas ou em “pay-per-view” patrocinam aquelas competições com maior apelo de público e, portanto, poder de atração de mais e mais comerciais para as suas grades de programação.
Outro ingrediente para compor essa hercúlea missão dos clubes de maximarem as suas receitas é o fator conforto e segurança dos estádios, que, em grande número são públicos e, por isso, administrados por governos municipais ou estaduais.
Trazendo a discussão para o caso específico Agremiação Sportiva Arapiraquense, o que acontece?
O ASA disputa, em 2012, três competições: Campeonato Alagoano de Futebol, Copa do Brasil e Série B do Campeonato Brasileiro.
No primeiro caso, campeonato alagoano, os principais jogos são transmitidos em TV aberta, inclusive, para o local do jogo, que é a cidade de Arapiraca; A Copa do Brasil só transmite os jogos dos grandes clubes do futebol brasileiro e em TV aberta e na Série B, normalmente, só as TVs no sistema “pay-per-view” transmitem essa competição.
Pelo que se comenta, já que não é divulgado os valores dos contratos de TV para o campeonato alagoano, o ASA recebe cerca de R$ 20 mil reais por partida transmitida em seus jogos como mandante e é aí que reside o xis dessa questão.
Sabe-se que os ingressos em jogos do ASA no Fumeirão custam R$ 10 reais – arquibancadas inferiores e R$ 20 reais – arquibancadas superiores, ou seja, a cota do ASA paga pela TV aberta representa 2.000 torcedores em arquibancadas inferiores OU 1.000 torcedores em arquibancadas superiores.
Comparemos então dois públicos de jogos com maior expectativa de público no Fumeirão, realizados neste ano: ASA x CSE e ASA x CSA, sendo o primeiro sem transmissão pela TV e o outro, com as imagens exibidas ao vivo para Arapiraca.
*** ASA x CSE (sem TV)
Público pagante: 4.473
Público total: 6.145
*** ASA x CSA (com TV)
Público pagante: 3.118
Público total: 4.090
Lembremos ainda que, ao jogar contra o CSE, o ASA vinha de um pífio empate contra o Penedense no Fumeirão, enquanto que, antes da partida contra o CSA, o ASA vinha de uma esplêndida vitória contra o CRB no Trapichão e é público e notório que o torcedor se sente muito mais estimulado a ir ao estádio, quando o seu time está em melhor fase.
Outro aspecto que, por si só, contribui para o afastamento do torcedor é o desconforto e a insegurança nos estádios. Nesse particular, o Fumeirão está muito aquém em relação ao Trapichão, por exemplo, que é uma belíssima praça de esportes.
Não é possível, por outro lado, conceber-se o ASA, disputando um clássico contra um dos seus três maiores adversários: CRB, CSA ou CSE com o estádio praticamente vazio. Contra o CSE o que se viu foi um Fumeirão lotado, digno da tradição dos grandes jogos do alvinegro contra o tri colorido de Palmeira dos Índios. Já contra o CSA o público preferiu a comodidade do sofá de sua casa ou a mesa de um barzinho da cidade. Jogo frio, público ausente, o placar só podia ser, como foi, um zero a zero insosso e sonolento.
Independentemente de tudo o que possa cercar um contrato de transmissão de uma partida do ASA em TV aberta para Arapiraca, nada, absolutamente nada mesmo, paga um, dois, cem ou mil torcedores presentes no Fumeirão, apoiando, vaiando ou silente, mas, indispensavelmente, ali, sentado nas arquibancadas, vestido com o manto sagrado alvinegro, abrilhantando o espetáculo e sentindo as emoções de ver o ASA cada vez mais gigante.
Ao assinar esse nefasto contrato com a TV aberta, o ASA estimulou sobremaneira o torcedor a se afastar do estádio. Nesse sentido, as diretorias de CRB e CSA, que não permitiram a transmissão dos seus jogos como mandantes, marcaram um golaço contra o alvinegro e já começaram o campeonato alagoano na frente do time de Arapiraca no quesito aproximar o clube do torcedor. Infelizmente, por tudo o que foi aqui exposto, somos os bobões da TV em Alagoas.