Eliminado pelo maldito apito
Após uma campanha histórica, realizada no Campeonato Alagoano de 2015, iniciada com a conquista, de forma invicta, do 1° turno ou Copa Alagoas, diante do CSA, que assegurou ao clube uma das vagas na Copa do Brasil de 2016, o alvinegro arapiraquense viu ruir o sonho de retorno à decisão, daquilo que seria o seu oitavo título estadual.
Foram vinte jogos disputados com onze vitórias, oito empates e apenas uma derrota de 2 x 0 para o CRB, no 1° jogo da semifinal da competição, em 26/04/2015, no Estádio Rei Pelé, com arbitragem do magnânimo e ilustríssimo ex-árbitro FIFA, sua excelência reverendíssima e todo soberbo Francisco Carlos Nascimento, o popular Chicão.
Esse cidadão, em apenas vinte e sete minutos de jogo transcorrido, conseguiu, com um apito e a empáfia que lhe é peculiar, aquilo que os outros oito clubes participantes do Campeonato Alagoano de Futebol não foram capazes de fazer, em toda a competição: derrotar o ASA gigante das Alagoas.
A bola nem sequer tinha rolado, o primeiro apito ainda nem trilado, o dito cujo mandou todo o time do ASA retornar aos vestiários para substituir as camisetas listradas em branco e preto, porque as do CRB eram também listradas, mas em branco e vermelho, apesar de os calções e meias serem todos brancos de um lado e todos vermelhos do outro, inconfundíveis a um míope à média distância.
O Art. 26 § 7° do Regulamento Geral das Competições da CBF determina tão-somente que o clube mandante atue em seus domínios com o uniforme n° 1. Resta saber se o time vermelho usou realmente tal vestimenta regulamentar ou não. O fato é que o ASA nem tocou na bola e já teve um primeiro constrangimento, promovido pela arbitragem central da partida.
Para se ter um retrato do ocorrido no Trapichão, no malfadado confronto, aos 27 minutos do 1° tempo o homem do apito já tinha distribuído cinco cartões a atletas do ASA: quatro amarelos (Cal aos 9’, Max Carrasco aos 14’, Fábio Alves aos 26’ e Didira aos 27) e um vermelho (Cal aos 22’).
Na súmula, para justificar a expulsão do volante Cal, numa partida fundamental aos clubes, o árbitro escreveu: “(...) ao calçar de forma temerária e impedindo (sic) assim um ataque promissor (grifo meu) (...)”. A falta foi no centro do gramado com toda a defesa alvinegra bem postada em seu campo e o cidadão de preto vem com uma “pérola gramatical” dessas, “um ataque promissor”? Sem comentários!!! Cada um analisa como quer, mas o fato é que o time de Arapiraca teve de se desdobrar com meio time pendurado por cartões e um atleta expulso.
Na maior parte das jogadas divididas, aquelas em que atletas disputam o mesmo espaço do campo e a bola, ao sentir desvantagem nas jogadas, era muito mais viável aos de vermelho se atirarem ao gramado, pois o apito trilaria invariavelmente em seu favor. O lance do pênalti, que originou o primeiro gol da partida, é o melhor exemplo do usufruto do maldito apito em seu favor. Uma jogada natural de disputa de espaço, resultou em penalidade máxima pró CRB, aos 27’ do 1° tempo. É só analisar o vídeo da jogada para ver que o atleta regateano, ao sentir a presença do lateral Fábio Alves, atira-se dentro da área.
Na partida anterior, da outra semifinal entre Coruripe 1 x 0 CSA, com transmissão do canal Esporte Interativo, ocorreu um lance idêntico, favorável ao time do interior, e o árbitro do confronto, alagoano, não marcou a penalidade máxima.
Será que não apitaria se a falta tivesse ocorrido no outro lado do campo? O certo é que a diretoria coruripense, indignada, mesmo tendo vencido o jogo, requisitou à federação alagoana árbitro FIFA para o 2° confronto entre as duas equipes, o Sr. Hébert Roberto Lopes, que deu um show de arbitragem no Trapichão.
E para “coroar” a noite com chave de ouro, o árbitro Chicão deu um acréscimo de SEIS MINUTOS à partida. Na súmula foram registradas apenas três substituições de atletas no 2° tempo. Não se verificou mais nenhuma anormalidade que justificasse um “3° tempo” ao jogo. Se observarmos o estado de exaustão dos atletas alvinegros, certamente tal decisão não foi favorável ao ASA, que não demonstrava mais nenhuma capacidade física de reagir na partida. Mais provável, sim, seria sofrer um terceiro gol.
A diretoria, ouvindo o clamor da torcida alvinegra, decidiu trazer o árbitro Wilson Pereira Sampaio (FIFA/GO) para o 2° jogo, disputado em 29/04/2015, no Estádio Municipal de Arapiraca e vencido pelo ASA por 2 x 1, de virada. O juiz goiano deu uma verdadeira aula no Fumeirão, como é de se esperar de um integrante da elite mundial da arbitragem. Sem firulas, sem empáfia, isento, firme, mas coerente, consciente nos noventa minutos da partida.
O fato é que, em Alagoas, o ASA de Arapiraca não dá “sorte” com o apito local, isso desde os tempos da gasolina barata, quando esse aqui vivia a sua infância na capital brasileira do fumo. Cansei de ouvir a reclamação de antigos torcedores alvinegros, após jogos contra CRB ou CSA. Refiro-me aqui aos anos 60 e 70, pois dos anos 80 em diante eu próprio já tinha maturidade suficiente para identificar um “maldito apito”. E vi muitos, meus amigos, ah! Se vi. E como vi. Olha, eu vi mesmo. Uma pena não ter, na época, dinheiro para comprar óleo de peroba para polir ou lustrar tantas caras de pau. Não tinha grana nem para um pastel, imaginem para combater cupins.
De 2000 em diante, as diretorias alvinegras, cansadas de vãs lamentações por arbitragens perniciosas historicamente ao ASA, resolveu importar árbitros FIFA nos jogos decisivos do clube. Coincidência ou não, em todos os títulos estaduais da Agremiação Sportiva Arapiraquense, exceto em 2009, quando o adversário foi o Coruripe (Flávio Feijó apitou o último jogo), estiveram no apito um árbitro FIFA.
Em 2000, Edilson Pereira de Carvalho de São Paulo; em 2001, Álvaro Azeredo Quelhas de Minas Gerais; em 2003, Márcio Rezende de Freitas também de Minas Gerais; em 2005, Wagner Tardelli do Rio de Janeiro e, em 2011, Hébert Roberto Lopes do Paraná. No último jogo, ficou mais que pública e notória a imensa distância qualitativa entre um árbitro FIFA (importado) e outro da federação estadual.
Que essa nefasta experiência tenha servido de lição à jovem diretoria do ASA gigante e também às futuras administrações. Como bem apregoado nos ditos populares: “santo de casa não obra milagres” e “gato escaldado tem medo de água fria”.